PROJECTO DE INTERVENÇÃO DE APOIO PSICOSSOCIAL EM PESSOAS IDOSAS
CÉLIA CARREIRA
INTRODUÇÃO
No âmbito da Pós-Graduação em Gerontologia Social , foi-me proposto, a elaboração de um projecto de intervenção tendo em vista a aplicação do mesmo num futuro próximo.
A importância do tema em estudo prende-se não só com a análise de uma melhoria substancial de vida de pessoas idosas, tendo como objectivo a implementação de medidas que visam minimizar situações de risco de isolamento social e exclusão social.
Na tentativa de saber as consequências que implicam a solidão, tendo em conta os riscos fisiológicos, psicológicos e sociais, desenvolvi um projecto de actividades psico sociais ao domicílio, com vista à concepção de uma proposta de melhoria do sistema de apoio domiciliária a idosos.
O presente projecto tem como objectivo principal a implementação de uma proposta de melhoria do sistema de apoio psicossocial domiciliário, visando proporcionar melhores condições de vida activa em pessoas idosas.
A metodologia utilizada para a elaboração do presente projecto, numa primeira fase a elaboração de actividades para idosos e a caracterização da população alvo, tendo para isso, sido consultado a documentação indicada no decurso da frequência da Pós- Graduação em Gerontologia Social , assim como toda a bibliografia complementar.
Numa segunda fase, foram efectuadas visitas de acompanhamento às actividades desenvolvidas pelos idosos em suas casas, isto é, foi utilizada a observação directa das condições de vida.
Por último, visando proporcionar melhores condições de vida activa, realizou-se uma proposta, tendo em atenção a legislação aplicável.
I - APRESENTAÇÃO DO PROJECTO
O presente projecto oferece um tratamento especializado e personalizado, reabilitação física e mental, assim como, cuidados de assistência a pessoas idosas que o necessitem, é sem dúvida um dos principais intuitos dos Centros de Dia.
Estes centros estão organizados de forma a poderem oferecer actividades permanentes e variadas, lúdicas e construtoras de um envelhecimento saudável, fomentando uma melhor qualidade de vida.
De modo a evitar o declínio funcional e cognitivo do idoso, equipas de trabalho especializado e interdisciplinar intervêm em três áreas fundamentais: a reabilitação funcional, a supervisão médica e o suporte social.
Neste tipo de assistência, o idoso tem um suporte social durante o dia, mergulhando, muitas vezes, na solidão com o regresso ao domicilio (depressão, baixa auto-estima, sentimento de inutilidade e isolamento crescente).
A nossa proposta surge no âmbito de contrariar esse ciclo e promover uma qualidade de vida saudável, que passa pela valorização pessoal e psicológica, potencializando as capacidades que possuem, para que se sintam bem com eles próprios e úteis na sociedade onde estão inseridos.
NATUREZA DO PROJECTO
O projecto está organizado de forma a ter actividades construtoras de um envelhecimento saudável, dentro as quais destaco:
- Apoio Psicológico;
- Interacção Social;
- Para conversar e fazer companhia ao Idoso;
- Ver Televisão ou Rádio e comentar os diversos programas visionados;
- Leitura de Histórias e contos;
FUNDAMENTAÇÃO DO PROJECTO
A nova geração de políticas sociais em Portugal tem sido orientada no sentido de, por um lado, dar resposta às necessidades das famílias modernas, cujos modelos de organização requerem a disponibilização de novos serviços, principalmente com vista a facilitar a conciliação da vida familiar e profissional.
A mudança que se vem operando no sistema de protecção social continua a incorporar elementos ao nível da cobertura das prestações sociais na Terceira idade, havendo actualmente uma melhoria da eficiência do sistema e promoção da proximidade dos serviços aos cidadãos.
A fundamentação deste projecto, surge na continuidade de serviços sociais prestados, nomeadamente a idosos, porque se torna claro que a oferta, especialmente ao domicilio, mantendo ainda, insuficiente a oferta deste serviço, quase inexistente.
II- ENQUADRAMENTO TEÓRICO
O debate gerado em torno do envelhecimento e das respostas sociais de apoio aos cidadãos idosos, têm adquirido nos últimos anos e particularmente nas sociedades ocidentais, crescente actualidade e relevância. A notoriedade desta questão, encontra-se na centralidade que o tema tem tido no discurso político e social e na proliferação de iniciativas mais ou menos visíveis e mediáticas que têm como preocupação central questões ligadas a velhice e ao apoio social.
Marcos fundamentais no campo do apoio social foram também as investigações levadas a cabo por Caplan (1974), Cassel (1974 e 1979), Cobb (1976), Barrón (1996), Vaux (1988), Faria (1999), Vaz Serra (1999), e Matos e Ferreira (2000).
O seu interesse deriva não só do facto de terem aberto caminho ao desenvolvimento e conceptualização deste constructo, mas porque a partir delas foi possível conhecer os efeitos sobre a saúde e bem-estar de diferentes tipos de relações, (relações intimas a integração social), passando pelo estudo das redes sociais nos seus aspectos estruturais e
funcionais.
Na literatura das redes de apoio social é frequente encontrar termos diferentes, mas que pretendem significar aspectos semelhantes. Assim rede social, rede de suporte formal ou informal, rede natural de ajuda, serviços de suporte, etc., são termos muitas vezes usados indistintamente e nem sempre da forma mais adequada.
Podemos dividir as redes sociais de apoio à pessoa idosa em dois grupos principais: as redes de apoio formal e as redes de apoio informal. No grupo constituído pelas redes de apoio formal, incluem-se serviços estatais, de segurança social e os organizados pelo poder local (Lares para a Terceira Idade, Serviços de Apoio Domiciliário, Centros de Dia) (Nogueira, 1996). Nos de apoio informal, estão incluídos por um lado as famílias do próprio idoso e por outro, os amigos e os vizinhos de que não falaremos uma vez que é um assunto a abordar posteriormente.
As redes sociais de apoio revestem-se de importância crucial nos idosos dado que o sentimento de ser amado e valorizado, a pertença a grupos de comunicação e obrigação recíprocas, levam os indivíduos a escapar ao isolamento e ao anonimato.
APRESENTAÇÃO DA PROBLEMÁTICA
As alterações sofridas pelas sociedades modernas e o seu reflexo nos contextos europeus e mundiais, onde prevalecem prioritariamente os conceitos de optimização da economia, levam-nos a dar articular atenção ao impacto que estes fenómenos produzem nas famílias, bem como nos grupos mais vulneráveis dos quais destacamos os idosos.
A sociedade contemporânea, tida como sociedade de consumo, rege-se por valores materiais o que implica ter como principal objectivo a rentabilização da produção em que se privilegiam apenas os indivíduos activos. Em consequência, tudo isto exerce efeitos negativos sobre os cidadãos, criando situações “stressantes”, geradoras de doenças e que de algum modo poderão diminuir a capacidade produtiva da
pessoa mais fragilizada.
O idoso sem autonomia é rapidamente excluído do trabalho, das funções de aquisição de produção, manutenção e transmissão de conhecimentos. Sendo assim, não será difícil de prever que, nestas circunstâncias, ele tenda ao isolamento e ao isolar-se assuma cada vez mais uma situação de dependência.
Neste cenário, o que nos é permitido observar, é que tanto a velhice como o envelhecimento da população têm sido equacionados entre nós, nos últimos anos, como uma patologia. Este fenómeno encontra explicação no contexto da cultura ocidental, onde é dominante um modelo de desenvolvimento, assente fundamentalmente sobre os mitos do crescimento económico e do produtivismo, do qual resulta uma visão redutora
do homem e da sociedade, que se encontra dividida pelo mercado de trabalho entre
membros activos e membros inactivos.
Portugal não é excepção ao contexto descrito e poderemos confirmá-lo pela mensagem proferida pelo Ministro da Solidariedade Social, no Seminário “Envelhecer: um Direito em Construção” (1998) e que passamos a citar: “estão a dar-se grandes transformações estruturais na sociedade portuguesa: transformações demográficas, económicas, sociais e culturais, de que o envelhecimento é um efeito e ao mesmo tempo
um factor. Trata-se de um fenómeno global, que afecta não só os idosos, mas também as famílias, todos os meios e estratos sociais, nalguns dos quais com particular gravidade, colidindo com a capacidade das famílias em responder a esse desafio. É um fenómeno
social que a todos diz respeito...”
As transformações aludidas têm expressões diferenciadas e singulares no território nacional, quer nos contextos socio-urbanísticos quer nos contextos sócio-rurais.
Fala-se no problema do envelhecimento como um fenómeno que preocupa cientistas e governantes, e que se faz acompanhar de um espectro de dificuldades relacionadas com o encargo dos idosos sobre as gerações futuras, os vários custos que o seu grande número representa, a falência dos sistemas de reforma, e de forma mais pessimista, o “conservadorismo” e a falta de vitalidade e dinamismo que tal envelhecimento acarretará para as sociedades (Fernandes, 1995).
Ao tornar-se um problema social, a velhice passou a mobilizar gente, meios, esforços e atenções considerados suficientes. A preocupação em encontrar soluções evidencia-se no aumento de estudos e de investigadores, que centram as suas atenções nas pessoas idosas.
Decorrente deste processo de legitimação do problema social de velhice, constitui-se um campo de produção e gestão de bens especificamente orientados para os idosos e que tende a generalizar-se e a oferecer produtos diversificados.
A evolução das relações entre gerações, bem como a produção einstitucionalização de medidas especificamente orientadas para a velhice passou a designar-se por políticas de velhice, entendendo-se estas como “o conjunto de intervenções públicas, ou acções colectivas, cujo objectivo consiste em estruturar deforma explícita ou implícita as relações entre a velhice e a sociedade” (Fernandes,1997).
Esta “consciencialização social” levou a que os encargos com idosos que anteriormente eram da responsabilidade da família ou de particulares fossem transferidos para instâncias despersonalizadas e burocratizadas, em que as relações entre os agentes se operam de forma anónima ignorando mutuamente as suas existências (Lenoir, 1997).
Com esta nova forma de gestão dos problemas sociais, resultantes da velhice e do envelhecimento demográfico, os conflitos de interesses reduzem-se a confrontações entre responsáveis político-administrativos e especialistas de instituições, num processo que se tem verificado lento.
Uma breve análise sobre as “ políticas de velhice” em Portugal mostra (como refere Quaresma, 1998) que “até ao final da década de 60 os problemas da população idosa não foram objecto de uma política social específica, pelo que a protecção social dos indivíduos deste grupo se revela quase inexistente”.
Na opinião de Gomes (2000), só em 1969 se inicia a discussão na Assembleia Nacional sobre os problemas da população idosa no nosso país, o fenómeno do envelhecimento da população e a política de velhice.
Em 1971, é criado o serviço de Reabilitação e Protecção aos Diminuídos e Idosos, no âmbito do Instituto da Família e Acção Social inserido na Direcção Geral da Assistência Social, que vinha substituir o Instituto de Assistência aos Inválidos.
Esta mudança é importante por criar pela primeira vez um Departamento com afinidades no estudo e na procura de soluções para os problemas da população idosa.
Será em 1976, após as mudanças políticas em Portugal, que a nova Constituição consagra o Direito à Segurança Social e que se mantém após a revisão constitucional de 1992. A anterior Assistência Social deu lugar à Acção Social “que enquadra o conjunto de acções desenvolvidas através de serviços e de equipamentos
sociais de apoio individual e familiar bem como de intervenção comunitária, que também integram o antigo sistema de assistência social”.
As alterações no quadro da política social, bem como o aumento da procura, repercutiram-se no alargamento da rede de instituições de alojamento para idosos, na
medida em que, paralelamente às mudanças políticas, ocorriam as mudanças no tecido e contexto social. Em consequência emerge uma acção social que, na sua maior parte, é exercida por instituições particulares de solidariedade social e outras organizações privadas apoiadas financeiramente pelo Estado, mediante protocolos de cooperação (Neves, 1998).
Embora os apoios sociais e financeiros dirigidos aos idosos se continuem a revelar insuficientes no nosso país, parece-nos relevante salientar algumas formas de equipamentos disponíveis, nomeadamente:
Lares de Idosos – equipamentos colectivos de alojamento permanente ou temporário, destinados a fornecer respostas a idosos que se encontrem em risco, com perda de independência e/ou autonomia.
A insuficiência de lares de idosos estatais tem dado origem a uma verdadeira proliferação de lares privados (que visam essencialmente fins lucrativos), que muitas vezes funcionam clandestinamente e sem as condições que confiram aos idosos o mínimo de dignidade.
Lares para Cidadãos Dependentes – constituem respostas residenciais a idosos, que apresentam um maior grau de dependência (acamados).
Centros de Dia – constituem um tipo de apoio dado através da prestação de um conjunto de serviços dirigidos a idosos da comunidade, cujo objectivo fundamental é desenvolver actividades que proporcionem a manutenção dos idosos no seu meio sócio-familiar.
Centros de Convívio – são centros a nível local, que pretendem apoiar o desenvolvimento de um conjunto de actividades sócio-recreativas e culturais destinadas aos idosos de uma determinada comunidade.
O Apoio Domiciliário – consiste na prestação de serviços, por ajudantes e/ou familiares no domicílio dos utentes, quando estes, por motivo de doença ou outro tipo de dependência, sejam incapazes de assegurar temporária ou permanentemente a satisfação das suas necessidades básicas e/ou realizar as suas actividades diárias. É um tipo de apoio que conquistou muitos adeptos, na medida em que se caracteriza pela prestação de um serviço de proximidade com cuidados individualizados e personalizados. Além disso, é preservada a família e a casa que constituem para o idoso um quadro referencial muito importante para a sua identidade social.
Acolhimento Familiar – consiste em apoios dados por famílias consideradas idóneas que acolhem temporariamente idosos, quando estes não têm família natural ou tendo-a não reúne esta condições que proporcionem um bom desempenho das suas funções.
As Colónias de Férias e o Turismo Sénior – são prestações sociais em equipamentos ou não, que comportam um conjunto de actividades que pretendem satisfazer as necessidades de lazer e quebrar a rotina, proporcionando ao idoso um equilíbrio físico, psíquico, emocional e social.
O Termalismo – é uma medida que visa permitir aos idosos em férias tratamentos naturais, reduzindo assim o consumo de medicamentos. Proporciona também a deslocação temporária da sua residência habitual, permitindo deste modo o contacto com um meio social diferente, promovendo a troca de experiências, que quebram ou reduzem o frequente isolamento social.
Não há dúvida que as respostas sociais organizadas são já bastantes ediversificadas, no entanto, o ritmo de crescimento da população idosa tem sido tão acelerado, nos últimos anos, que estas não têm conseguido acompanhá-lo e satisfazê-lo.
Por isso, importa criar um novo modelo de desenvolvimento, uma maior prioridade à política social como elemento desse modelo, a abertura a novos valores, em especial à solidariedade, a práticas profissionais e institucionais com maiores níveis de corresponsabilidade, coordenação e interdisciplinaridade, bem como a mobilização dos recursos necessários à efectivação dos direitos e das aspirações dos idosos (Rodrigues, 2002).
Não obstante, qualquer estratégia adoptada ou a adoptar deixará de ter sentido, se não for dada atenção à individualidade da pessoa idosa, respeitando os projectos e trajectos, que dela fizeram um potencial amadurecido de experiência.
Com o advento das transformações fisiológicas e psicológicas ocorridas durante o processo de envelhecimento, o idoso tende, com o avanço dos anos, a viver uma vida social mais restrita, cingindo-se deste modo cada vez mais à sua família. Em consequência, esta torna-se um factor básico não só à sobrevivência do idoso, mas também para que este se mantenha emocionalmente equilibrado, face às contingências do declínio biopsiquicossocial.
De facto, a família é uma célula fundamental, enquanto lugar privilegiado de trocas intergeracionais. É aí que as gerações se encontram, se interajudam e completam de forma intensa. No entanto, nas sociedades onde a expectativa de vida está a ser ampliada, as relações familiares apresentam novos desafios e de acordo com Nelson e Nelson (citado por Freitas et al, 2002) há questões éticas que devem ser consideradas:
* “Os membros da família não são substituíveis por similares ou pessoas melhor qualificadas.
* Os membros da família são vinculados uns aos outros.
* A necessidade de intimidade produz responsabilidade.
* As famílias são histórias em andamento…”
O decurso e desenvolvimento da Sociedade Humana tem mostrado que como “un idade social a família é capaz de resolver ou ajudar a resolver problemas biopsicossociais, individuais ou colectivos, apesar de poder ser também geradora de conflitos e doenças”. Neste sentido a família tem de ser uma estrutura cujo desenvolvimento se obtém através dos esforços dos seus membros na realização de várias tarefas nomeadamente: adaptação, protecção, participação, crescimento e suporte na afectividade (Nina e Paiva, 2001).
Destas acções sobressai o facto de que cada um dos elementos da família tem uma série de papéis determinados, que servem de base para a sua identidade na sociedade. Cada membro tem uma personalidade que pode sair dos limites da família, mas estes fazem uma série de coisas “juntos” e outras em “separado”. Assim, surge a necessidade de se criarem regras que dirijam a conduta da família e dos seus membros.
Estas regras não são descritas e vão-se estabelecendo a partir de um processo de convivência: afectam a privacidade, a interacção, a autoridade e a tomada de decisões.
Esta interacção e adaptação a novos papéis e funções implica que as famílias mudem para se adaptarem e esta capacidade de adaptação; mudança e crescimento são essenciais para o progresso a longo prazo no ciclo da vida familiar. Basta considerar as necessidades da cultura, da temporalidade, a coabitação com uma sociedade industrial, urbana, que se introduz vigorosamente no seu seio, assumindo muitas vezes funções que foram, durante muito tempo, pertença exclusiva do agregado ou núcleo familiar (Antunes, 1999).
É verdade que ao longo da vida ocupamos múltiplos papéis, e isto significa e simultaneamente implica, que nos devamos ir preparando para os mesmos. Um desses papéis é o envelhecimento e a coabitação com os idosos, dentro dos espaços aceites e organizados culturalmente.
Sem pretendermos ”inventariar” as múltiplas funções que têm sido atribuídas pelos estudiosos à família, gostaríamos no entanto de destacar algumas pela pertinência que assumem neste estudo: Assim e de acordo com Salutz (1995) ajudar cada membro da família é uma função que engloba o apoio físico, financeiro, social e emocional que são aspectos relevantes para a maioria dos idosos. Este apoio verifica-se através de estruturas organizadas de papéis familiares interdependentes e baseiam-se nas reacções emocionais dos seus membros. Vivem em grupo e cultivam sentimentos de pertença e
de co-responsabilização.
Por outro lado, o estabelecimento de autonomia e independência para cada um dos seus membros tem-se revelado uma medida geradora e facilitadora de crescimento pessoal para os indivíduos, que se desenvolvem e adaptam no seio da família, assumindo particular destaque nos elementos mais velhos.
Outras funções defendidas por Smilkstein e enfatizadas em estudos gerontológicos por Azeredo e Matos (1998) são:
* Adaptação – que consiste na utilização de recursos dentro e fora da família, para a solução de um problema, nomeadamente quando o equilíbrio da família estiver ameaçado durante uma crise.
* Participação – ou seja a partilha na tomada de decisões e das responsabilidades, pelos membros da família.
* Crescimento – maturidade física e emocional e ainda realização conseguida pelos membros da família através do mútuo apoio e orientação.
* Afecto – relações de cuidados ou ternura que existem entre os membros da família.
* Decisão – compromisso assumido de dedicar tempo a outros membros da família, encorajando-os física e emocionalmente. Além disso, implica também uma decisão de bens e espaço.
Segundo a mesma autora, quando uma família demonstra integridade nestas
cinco componentes funcionais, poder-se-á considerar uma família “saud ável”, ou
“funcional” mas se porventura a integridade não existe, então poderemos defrontar-nos
com “disfunções famili ares” mais ou menos graves.
Entender a dinâmica familiar dos idosos é uma questão de crucial importância,
na medida em que eles tendem por vezes a mascarar o seu real posicionamento no
agregado familiar.
Na ideologia dominante ou concepção tradicional, compete às famílias a
responsabilidade de prover o sustento dos ascendentes. Os cuidados para com os pais na
velhice é, como nos refere BEE (1997), um papel que cabe aos filhos aquando da
meia-idade e que causa um efeito intenso na satisfação geral da vida, tornando-se o
filho/a o principal provedor de cuidados aos pais, que se tornam idosos.
Opinião diferente expressa Freitas et all (2002) ao considerar “que os filhos
não devem qualquer obrigação a seus pais por virtude, simplesmente, de serem seus
filhos. A autora defende a tese de que os deveres dos filhos adultos são aqueles dos
amigos, e resultam do amor entre eles e seus pais, em vez de serem uma obrigação de retribuição aos sacrifícios anteriores de seus pais”.
Esta ideia da responsabilização familiar é confirmada na prática pelos resultados de um estudo levado a cabo pela EUROPEAN COMMISSION (1997), onde se constatou que 75,4% dos idosos vivem nos seus domicílios e são cuidados por familiares. Desses a maioria são cuidados pela esposa/marido; 17% pelos filhos; 5% por irmão/irmã; 4,4% por outros parentes; e 2,8% por outros.
Transpondo estas questões para o território nacional, também podemos constatar pela publicação do INE (1999) que: 97,5% da população idosa portuguesa
vivia em famílias clássicas e apenas 2,5% em famílias institucionais.
Famílias só de idosos constituem 15% do total das famílias clássicas e famílias unipessoais de idosos são maioritariamente constituídas por mulheres. Revelam ainda
que os homens idosos vivem maioritariamente em casal, a dissolução familiar se verifica essencialmente por morte do cônjuge e os divórcios revelam uma tendência
crescente na população idosa.
De facto, a instituição familiar é ainda o garante da solidariedade necessária aos ascendentes em situação de velhice: apenas uma diminuta proporção de idosos vive em instituições de alojamento próprias, sendo a maior parte desses indivíduos de idade avançada. Pelo contrário, muitos outros, “especialmente viúvas”, coabitam regularmente ou temporariamente com os seus filhos. Esta situação deve-se em grande parte ao facto de não só na geração das avós como também na das mães, grande parte das mulheres não desempenhar actividade profissional fora de casa, o que lhes permite ter maior disponibilidade para o apoio à família.
Pese embora estas constatações estatísticas, existem evidências de que a estrutura familiar tem sofrido violentos abalos e consequentes transformações na sociedade moderna.
Foram vários os factores que contribuíram para essas transformações: as migrações obrigaram as famílias nucleares a tornarem-se mais “i ndividualistas”; a mobilidade social ligada à cidade e ao trabalho industrial distende os laços entre irmãos; a educação estabelece uma clivagem no seio familiar e fá-las desintegrarem-se; sucedendo de uma forma idêntica em relação à grande assimilação de novos valores, atitudes, condutas ligadas à industrialização, à cidade e ao prestígio dos estranhos (Nogueira, 1996).
Estas transformações levam naturalmente a estrutura familiar e social a não ser capaz de resolver os problemas que se colocam hoje aos idosos: a família tradicional
por instituições privadas como estatais. Ela já “não é capaz” de assegurar a cada membro as funções que tradicionalmente lhe cabiam e que passavam por satisfazer necessidades físicas (como a alimentação, habitação e cuidados globais), psíquicas (como a auto-estima, o afecto, o equilíbrio) e as sociais (como a identificação, relação, comunicação e pertença a um grupo).
No desenrolar destas “incapacidades de resposta” a família tem sido publicamente responsabilizada pelo abandono dos seus idosos, contribuindo para tal a generalização de uma ideia, um pouco mítica, da família extensa de outrora. A dominância deste tipo de família foi historicamente posta em causa, mas o espectro da desresponsabilização familiar é uma constante no discurso público das instituições de acção social e remete para um modelo ideal, intemporal e harmonioso de coabitação
intergeracional (Lenoire, 1979; Fernandes, 1997; Gomes, 2000).
Na opinião dos mesmos autores trata-se, de facto, de mudanças sociais com fortes implicações na estrutura das relações familiares. Assiste-se à retoma do processo de transformação da solidariedade natural entre gerações como uma “esp écie de seguro de vida apostado na geração seguinte” correspondendo “ao desmoron amento das bases sociais em que assentavam o familismo tradicional”.
Com efeito, a família (entendida como o mais marcante espaço de realização, desenvolvimento e consolidação do ser humano), percebida como unidade de integração e sucessão de saberes num plano trigeracional, nuclearizou-se em virtude da industrialização desregrada.
Por outro lado, as grandes concentrações urbanas acabaram por impor modos
de vida que não são compatíveis com a coabitação dos mais velhos, razão por que surgem as instituições vocacionadas para o acolhimento de idosos (Guimarães, 1999).
E neste novo cenário ficamos perante duas representações contraditórias de família: em que por um lado parece que tudo muda a família, que está ameaçada, que se desagrega e perde o sentido das suas responsabilidades; do outro a família permanece como o lugar da intimidade da felicidade, a criança é o bem mais precioso, e a casa o lugar privilegiado de bem-estar e segurança (Gomes, 2000).
Generalizou-se a ideia de que a existência de pessoas idosas numa sociedade moderna e urbana é difícil, mas começa também a valorizar-se a vertente compensatória. Um estudo recente monitorizado por Tinker, (1998), mostrou que, ainda que alguns idosos tenham problemas, a maioria continua tendo uma vida com grande satisfação. Esta inferência vem reiterar os resultados de um estudo conduzido por Edit Bergi e publicitado em 1990, que rompe de certo modo com o paradigma social aceite da insatisfação dos idosos. É que num grupo de centenários estudados na Hungria verificou-se que a maioria deles vivia em cidades, sendo que nesta população os intelectuais são quatro vezes mais numerosos e a maioria apresentava níveis elevados de satisfação.
Recentemente, outras investigações têm demonstrado que as trocas e os laços que unem os membros da parentela foram sendo redescobertos após um período em que
estiveram ausentes na maior parte dos trabalhos. Estes baseavam-se nas teses de
nuclearização da família, com a suposição de que os laços com a família de origem
haviam sido rompidos com a industrialização.
Estes estudos empíricos vieram mostrar até que ponto a ideia da família/grupo
doméstico, fechada sobre si própria, isolada da restante parentela, correspondia mais a
uma radicalização excessiva da tese de Parsons sobre a diferenciação social do que à
realidade.
As famílias modernas organizam-se em torno de laços de parentesco,
construindo redes de relações através das quais circulam ajudas, bens e afectos. O
conceito de parentesco foi assim restituído aos estudos sobre a família contemporânea
(Fernandes, 2001).
É inegável o importante papel que é atribuído às redes familiares, mas embora
os familiares sejam a maior fonte de apoio físico e emocional dos idosos, os amigos têm
também um forte efeito no seu bem-estar subjectivo. Assim os amigos são uma parte
importante das redes de apoio social, implicando múltiplos aspectos que vão desde a
partilha de intimidades, apoio emotivo, oportunidades de socialização ou até mesmo o
apoio a nível material. A importância dos grupos de amigos, familiares, vizinhos e colegas de trabalho
tem sido bem evidenciada nestes últimos vinte e cinco anos. Além disso, há mesmo
quem defenda que as redes de amigos têm-se revelado um importante elemento de
prevenção em múltiplas doenças, sobretudo nas mentais. As deficiências dos laços
estabelecidos nos grupos primários estão associadas a um acréscimo de vulnerabilidade
às doenças, quer físicas quer psíquicas (Nogueira, 1996).
Dada a importância das relações entre a vida em família e a qualidade de vida
dos seus elementos, torna-se pertinente considerar em pesquisas desta natureza esta
fonte de satisfação primordial para o bem-estar na vida adulta.
Apesar disto, assistimos actualmente à “substituição do papel familiar” pelas
chamadas redes sociais de apoio (onde são incluídas as instituições para idosos), que
pela sua importância na qualidade de vida dos idosos importa reflectir.
Entre nós, é nas instituições tradicionais, desde a acção das misericórdias até às
mais variadas organizações, que se forma e desenvolve a gestão pública da velhice.
Contudo, e segundo Fernandes (1997) e Gomes (2000), é só a partir da década de 70
que as “instituições criadas são orientadas pelos princípios da pr evenção da dependência
e da integração das pessoas idosas na comunidade”.
distinguem dois tipos de encargos de velhice: um primeiro
referente à assistência médica e um outro de cariz mais social. Este último, por sua vez,
pode dividir-se consoante o apoio que presta: por um lado temos as organizações cujo
objectivo é o do alojamento de idosos, “substituindo” os antigos asilos ou hospícios
actualmente com outro tipo de vocação. De acordo com a sua organização podem
classificar-se como lares ou residências. Contudo, estas novas formas de resposta
debatem-se com a necessidade de superar a carga pejorativa atribuída aos antigos asilos
e hospícios, que em muitos casos ainda persiste, ou de alguma forma continua a
envolver os lares.
Não há dúvida que nos estudos das condições sociais das pessoas idosas, o
espaço residencial se torna num objecto prioritário. Corrobora esta opinião Melo (1998)
ao afirmar que o ambiente residencial ocupa um lugar importantíssimo na vida da
pessoa idosa. A autora defende que a satisfação com o ambiente residencial surge ligada
ao sentido de bem-estar psicológico do idoso, podendo a casa reflectir também valores
culturais relativos às identidades pessoais e sociais dos indivíduos.
As pessoas estão ligadas às suas casas por laços afectivos podendo atribuir-lhes
um valor simbólico por associação a memórias do passado (Werner, cit. por Nogueira, 1996).
O espaço é construído devido à necessidade que é inerente ao homem “de ser
social”, que o leva a construir espaços materiais (cidades, casas e bens pe ssoais).
As conclusões de um estudo levado a cabo por Paúl (1997) sobre “residê ncias
para idosos” mostraram que “a insatisfação com a casa em que habitam ou a zona de
residência em que está inserida nunca nos surgiu ao longo das inúmeras entrevistas que
realizámos junto da população idosa. Já os problemas de saúde, que limitam o
funcionamento dos idosos, e a falta de recursos económicos para fazer face a reparos
necessários à manutenção da casa, apareceram-nos inúmeras vezes como o factor
próximo que antecedeu a institucionalização”.
Por estas razões, a questão residencial dos idosos torna-se uma questão de
elevada pertinência, se considerarmos que a casa se torna o espaço mais requisitado para
as actividades que se desenvolvem no período da pós-reforma e nas quais se gasta a
maior parte do tempo do resto da vida (Paúl, 1994). Aliado a isto, acresce o facto de
existir, nas pessoas idosas, uma diminuição das capacidades de adaptação, que as torna
mais sensíveis ao meio ambiente que as rodeia e de ter a casa um valor simbólico na
construção da identidade social do Ser Humano.
O lar de cada pessoa, como uma unidade holística, sugere a importância de
investigar e teorizar sobre o processo que liga os idosos ao seu lar, os problemas da
manutenção do idoso na comunidade, o processo de separação que se verifica quando o
idoso é institucionalizado, bem como a adaptação a um novo ambiente a que
ironicamente chamamos “Lar”, mas que no mínimo implica um processo de
apropriação, ligação e identidade relativamente longo, e quantas vezes penoso, até que
possa de facto ser o “Lar” do idoso.
Sabemos que o conjunto de serviços e equipamentos que cada sociedade
oferece aos seus idosos tem como objectivo melhorar as condições de vida. A
institucionalização surge normalmente para a família ou para os idosos sem família
como a última alternativa quando todas as outras são inviáveis. Se é verdade que a perda
de autonomia física é um factor determinante na opção do internamento, e que muitos
dos idosos que residem nos lares são fisicamente dependentes, o facto é que, associados
a esta dependência física, surgem outros factores que por vezes condicionam mais
fortemente a decisão (Pimentel, 2001).
Assim, vários estudos têm confirmado que os problemas de saúde e a
consequente perda de autonomia não surgem como os principais factores apontados
pelos idosos para a decisão do internamento. O motivo mais frequente é o isolamento,
ou seja, a inexistência de uma rede de interacções que facilitem a integração social e
familiar dos idosos e que garantam um apoio efectivo em caso de maior necessidade. A
falta de recursos, quer económicos quer habitacionais, também é frequentemente apontada como motivos para a institucionalização.
As conclusões resultantes da análise de doze estudos realizados nos Estados
Unidos, por Kane, em 1997, (cit. por Born e Boechat, 2002) sobre os factores que
pesaram na institucionalização, foram as seguintes: idade, diagnóstico, limitação nas
AVDs, morar só, estado civil, situação mental, etnia, ausência de suportes sociais e
pobreza.
No caso do Brasil, foram também analisados vários grupos institucionalizados
e as conclusões resultantes demonstraram que os factores de risco que deram origem ao
internamento eram sobretudo: síndromes de imobilidade, múltiplos problemas médicos,
depressão, demência, alta hospitalar recente, incontinência, ser do sexo feminino, ter
idade acima dos 70 anos, ser solteiro, sem filhos ou viúvo recente, morar sozinho,
isolamento social (falta de apoios sociais) e pobreza (Freitas, et all, 2002).
Como se pode observar, os motivos principais ligam-se a factores associados à
saúde, às síndromes conhecidas por gigantes de geriatria com múltiplas causas, cursos
crónicos e riscos acrescidos de perda de independência.
Independentemente das razões que levam o idoso à institucionalização, analisar
o seu ingresso é rapidamente perceber que no mínimo lhe é exigido o abandono do seu
espaço conhecido e vivido, obrigando-o a reaprender a integrar-se num meio que lhe é
limitativo e que, em muitos casos, assume o controle de muitos aspectos da sua vida
(Paúl, 1997).
De facto, um estudo feito a várias instituições objectivadas para residências de
Idosos mostra, “que a maior parte das instituições para idosos retira toda a privacidade
aos seus utentes, com sujeição a controlo e dependência face à regulamentação interna”.
Além disso, acrescenta que a “institucionalização e respectivo desenraiz amento
leva mais rapidamente à deterioração, e a uma maior incapacidade física e mental”.
Uma outra conclusão é que “as perturbações psiquiátricas são mais frequentes em
idosos institucionalizados” (Borges, 2000).
Estas dificuldades sentidas pelos idosos, são muitas vezes agravadas pelo facto
de as instituições não assegurarem direcções técnicas nos seus estabelecimentos e
serviços. Num elevado número de casos, o pessoal da prestação directa de cuidados é
admitido sem qualquer formação inicial, sendo a sua integração delegada e assegurada
por pessoal de igual categoria.
Outra vertente a ponderar é a de que a fase da vida em que o idoso entra para
uma instituição é representada como a última etapa da sua trajectória de vida, sem
qualquer expectativa ou possibilidade de retorno. O internamento definitivo das pessoas
idosas em lares implica em muitos casos uma rotura com o quadro de vida quotidiano e
impõe-se como uma situação irreversível.
Talvez por isso, Drulhe (cit. por Cordeiro, 2000) afirme que esta situação representa normalmente o abandono e a exclusão, o sofrimento e a morte. É usual
considerar as pessoas que vivem em família, como fazendo parte da sociedade, e os que
estão em instituições, como dela estando excluídos, apesar do papel activo que podem
desempenhar e das relações que mantêm com familiares e amigos. No entendimento do
cidadão comum, é corrente a ideia de que as pessoas idosas institucionalizadas estão
afastadas das relações sociais da comunidade.
Por todos os pressupostos descritos, não é difícil perceber que o período prévio
à entrada numa instituição é especialmente crítico; na área afectiva, o medo e a
incerteza perante o desconhecido proporcionam grandes momentos de tensão. Diz Ames
(1991) que, nos dias posteriores ao seu ingresso, esta situação de stress vai diminuindo
e, após um ano de permanência nas instituições (tendo em consideração de que este
período não é igual para todos os idosos), o idoso já elaborou estratégias adaptativas à
sua nova situação.
Nestes cenários, o ideal seria que as pessoas idosas e suas famílias pudessem
exercer uma escolha livre e esclarecida dos apoios e equipamentos que necessitam. No
entanto, o que tem acontecido é que o factor “escolha” toma, para algumas situações,
foros de privilégio, quando o acesso a respostas diversificadas e capacitadas para
atender adequadamente as pessoas que delas necessitam deveria ser um direito (Cadete,
2001).
Considerando o direito a opções na escolha de residenciais, Paúl (1991) refere
que, para a maioria dos nossos idosos (portugueses), o factor escolha de um novo local
para residir foi extremamente limitado, devido quer à escassez generalizada de
equipamentos, quer aos seus baixos recursos económicos, tornando-se esta forma de
institucionalização num “misto de voluntária e co mpulsiva”.
No sentido de inverter estes fenómenos, actualmente nos Estados Unidos já se
visa remeter os idosos à sua própria casa, numa posição oposta à institucionalização que
tem vindo a ser considerada nefasta em vários aspectos para o idoso.
Também em Portugal uma das respostas que ultimamente tem sido evidenciada
é o apoio domiciliário. Como dizia Quaresma (1998) num painel sobre “Id osos do Séc.
XX”, o “apoio domiciliário é uma forma de intervenção social que urge ser mais
conhecida, de modo a torná-la um instrumento privilegiado de resposta a muitas
situações e problemas pessoais e familiares, sobretudo face aos desafios do
envelhecimento”. O exercício do apoio domiciliário deve promover a particip ação
responsável das pessoas e grupos apoiados, das suas famílias, vizinhos e amigos, bem
como de grupos, associações, comunidades e organizações que possam dar contributos
neste processo de apoio.
Deste modo, torna-se num instrumento que suscita o desenvolvimento das
capacidades próprias de cada interveniente, inserido num processo de cooperação e solidariedade, ao mesmo tempo que assegura o apoio a quem dele necessita.
Constata-se que dispomos de uma grande variedade de agentes e de formas de
apoio domiciliário; não obstante, em geral, tendem a conjugar-se, pelo menos, serviços,
apoios e cuidados sociais de saúde e de intervenção nas condições de habitação.
Contudo, é urgente e indispensável a coordenação de diversas entidades e dos vários
técnicos e outros agentes formais e informais, intervenientes a nível local, incluindo as
autarquias, cujo papel deverá ser melhor estudado e definido (PAII, 1999).
Apesar de tudo, situações existem em que, de facto, as instituições são
necessárias, nomeadamente nas chamadas “mudanças assistenciais”, típicas de idosos
cuja independência funcional e recursos económicos diminuíram acentuadamente.
Corroboram esta opinião Woroby, Angel e Born (2002) ao chamarem a atenção para o facto de que há que ter em consideração os idosos sós e com perdas de independência funcional ou ainda com ausência de familiares, (ou estando estes longe) como sendo uma população para quem será aconselhável a institucionalização.
Apesar da generalizada imagem negativa com que são conotadas as residências de idosos, também nesta área existem estudos que mostram vantagens em que os idosos
vivam rodeados por pares homogeneizados porque, segundo eles, “viver neste tipo de
cenário facilita a interacção social entre os residentes”.
Mais longe chegam as conclusões de um estudo levado a cabo por Hinrichsen
(1985) sobre o impacto da residência em casas para idosos, ao revelar que, nos locais de
residência em que havia uma grande concentração de idosos, se verificava que o número
de amigos era maior, as amizades mais activas e a satisfação de vida mais elevada.
O conjunto de reflexões feitas sobre a envolvente habitacional/institucional do
idoso leva-nos a concluir que não existem soluções óptimas e universais para os idosos
e que mesmo as soluções aparentemente menos favoráveis podem ter vantagens para o
seu bem-estar se preservarmos, ao idoso, a possibilidade de escolha e/ou adequação
desse mesmo ambiente.
III - CARACTERÍZAÇÃO DA POPULAÇÃO ALVO
Crescer, adquirir experiências, conquistar pessoas e coisas e tantas outras aquisições no decorrer da vida é, em geral, sem sombra de dúvida, desejado por todos. Envelhecer, entretanto, para muitos, não o é. Mesmo assim, todos sabem que, independentemente da vontade de cada um, chegarão ao envelhecimento (excepção feita aos casos fortuitos).
Envelhecer representa ameaçadoramente para o individuo um desgaste das suas capacidades fisiológicas globais, seja de um modo progressivo, discreto ou grave.
Essa ameaça implica não somente modificações somáticas, como também mudanças psicossociais, incluindo aqui aquelas no nível da memória, do intelecto, do comportamento, da personalidade, das relações sócio familiares, das finanças, entre outros, que podem desembocar na velhice patológica, interceptando a caminhada saudável da sua existência.
Sabe-se que a velhice patológica não representa regra única para todos, o medo e o preconceito existem, e isso dificulta a aceitação do envelhecimento como processo natural da vida.
O envelhecimento tem início logo após o nascimento, são alterações fisiológicas que ocorrem com a idade, varia em cada indivíduo de acordo com factores hereditários e ambientais que influenciam a longevidade.
A velhice é uma etapa diferente do trajecto de vida, que só poderá ser compreendida devidamente se tivermos em consideração a sucessão de idades, assim como a ordenação que a própria sociedade faz do saber, poder, trabalho, tempo livre, bens e serviços, direitos e deveres, iniciativas e responsabilidades, bem como dos grupos de idades e escalões que compõem a sociedade.
O Envelhecimento é um processo universal, inerente a todos os seres vivos. Diferentes autores dividiram o processo de envelhecimento em três componentes:
- Envelhecimento biológico
- Envelhecimento social
- Envelhecimento psicológico
Estes três componentes do envelhecimento têm uma influência decisiva no comportamento do Idoso, devido ao envelhecimento, as capacidades de adaptação do ser humano diminuem, tornando-o cada vez mais sensível ao meio ambiente.
Com o declínio progressivo das suas capacidades físicas devido ao envelhecimento podem surgir consequências como: redução da capacidade de concentração e coordenação que, por sua vez, podem provocar processos de auto-desvalorização, diminuição da auto-estima, apatia, desmotivação, solidão e isolamento social.
O processo de envelhecimento é responsável pelas alterações bio-psico-sociais, que mais tarde ou mais cedo vão determinar as necessidades de ajuda por parte da maioria dos idosos.
Envelhecer é um problema Universal, é a continuação da evolução dos modos de vida anteriores, não é uma doença mas uma etapa do ciclo normal da vida que se instala progressivamente exigindo cada vez mais um novo equilíbrio, ao qual o individuo se adapta com maior ou menor facilidade.
É um período mais ou menos prolongado de decadência física ao qual se junta o “stress” emocional que poderá estar relacionado com a perda de emprego, morte de familiares, de doença, da reforma etc.
Factores físicos do Envelhecimento:
Idade cronológica
O processo de envelhecimento afecta o funcionamento dos órgãos, dos tecidos ou simplesmente das células, o equilíbrio entre eles e entre as funções que desempenham.
Este processo traduz-se por alterações fisiológicas generalizadas, nomeadamente nos órgãos sensoriais, nos aparelhos cardiovascular, respiratório e digestivo, no esqueleto e na musculatura, bem como nos sistemas endócrino e neurológico.
Principais alterações físicas associadas ao envelhecimento
- Diminuição da audição, particularmente da capacidade de ouvir frequências altas;
- Diminuição da visão;
- Diminuição do olfacto e do paladar;
- Redução da capacidade máxima do pulmão, o faz com que o volume de ar que entra nos pulmões seja reduzido;
- Embranquecimento do cabelo devido à morte de células produtoras de pigmento, cabelos mais frágeis o crescimento mais lento;
- Alterações do sono (menos sono e menos sonhos);
- Diminuição da altura devido à diminuição das vértebras;
- Perda de cálcio dos ossos, que se tornam menos densos e mais quebradiços;
- Enrugamento da pele, que se torna mais frágil e menos elástica;
- Enfraquecimento dos músculos, diminuição da massa magra e dos músculos esqueléticos;
- Redução da quantidade de sangue bombeada pelo coração;
- Diminuição (até 50%) do fluxo sanguíneo filtrado pelo rim, eliminação dos produtos em circulação no sangue e é uma das razões para a maior vulnerabilidade dos idosos às intoxicações medicamentosas;
- Menor capacidade de acção do sistema imunitário, debilitando a capacidade de luta contra as infecções;
- Alterações no equilíbrio hormonal, afectando a aparência física (surgimento de pelos faciais na mulher e na vida sexual);
- Enfraquecimento e espessamento das artérias (a regulação do sistema circulatório é menos eficaz e o controlo da pressão sanguínea é menos preciso);
- Maior vulnerabilidade às temperaturas externas devido à diminuição da regulação da temperatura do corpo e a atrofia das glândulas sudoríferas e dos tecidos subcutâneos consequente diminuição da capacidade para transpirar;
- Desgaste e perda dos dentes, o que afecta a ingestão dos alimentos;
- Digestões mais difíceis e lentidão intestinal, devido à redução quantitativa e qualitativa das enzimas digestivos e dos ácidos gástricos e o enfraquecimento dos músculos do tracto intestinal.
O envelhecimento abrange três componentes:
A componente biológica, resultante da crescente vulnerabilidade e maior probabilidade de morrer, a que se chama senescência.
Os idosos vêem a sua velhice de forma desadaptada, não procuram novos interesses, novos papéis ou novas actividades para compensarem as dificuldades a outros níveis. Esta forma de encarar o último período da vida, leva a que o idoso se torne cada vez menos activo, desenvolvendo em si sentimentos de inutilidade e frustração que lhe causam grande sofrimento o que faz com que o idoso tenha uma saúde instável.
Existem doenças comuns nos idosos que se evidenciam, tais como:
- Doença de Alzheimer;
- Doença de Parkinson;
- Esclerose múltipla;
- Arteriosclerose;
- Artrite e reumatismo;
- Artrose;
- Hipertensão arterial;
- Problemas cardíacos e cérebro-vasculares;
- Afecções do sistema respiratório: bronquite, enfisema, asma;
- Problemas mentais: depressão, hipocondria, confusão;
- Tumores da próstata, estômago, intestino, rins, úlceras gástricas e duodenais;
- Diabetes;
- Osteoporose;
- Anemia;
- Incontinência;
- Insónias;
- Perturbações articulares e dorsais;
- Afecções da tiróide;
- Perturbações visuais, auditivas e dentárias.
A componente psicológica, que é entendida pela auto-regulação do indivíduo a nível da tomada de decisões e opiniões. O que preocupa os idosos é o seu envelhecimento intelectual, pois perdendo o desempenho dos seus papéis sociais, o idoso vai sentir-se afectado a nível psíquico.
Como causas da mesma, contam-se a surdez, a cegueira, a dor, a imobilidade, a perda de gosto, a pobreza e, talvez na maior parte das vezes, a morte de um familiar. As perturbações da memória podem ser confundidas com demência pré-senil. O idoso mostra-se mentalmente confuso no seu comportamento, estado que se chama loucura.
A depressão é comum nos idosos, mas tende, muitas vezes, a não ser diagnosticada, visto a pessoa idosa ter uma perspectiva mórbida da vida. Muitos doentes recusam-se a admitir que estão deprimidos.
O idoso, enquanto não produtor, transforma-se num indivíduo sem valor, vivendo na indiferença, na angústia e na solidão, deixa de comandar a sua vida, deixa de ter autonomia, passando a sua vida a ser gerida por terceiros.
O idoso começa a ter atitudes agressivas e violentas, quer nas relações que mantém consigo próprio, quer nas relações com os seus familiares ou cuidadores.
Muitas vezes, estas agressões envolvem familiares, marido, mulher, filhos, netos ou, quando estão institucionalizados, envolvem os auxiliares mais directos. O idoso reage à agressividade através da rejeição de alimentos e gritos, e a perda do declínio das capacidades físicas e mentais do idoso leva, por vezes, a que este seja descriminado.
A componente social resulta da dependência das alterações biológicas e psicológicas na qual se assiste a uma modificação dos papéis sociais e familiares do idoso, podendo estar nessa origem factores como:
· Reforma/afastamento da vida activa;
· Alteração do valor da produtividade para consumir;
· Perda do estatuto social por perda de papéis sociais;
· Dependência relativamente às gerações mais jovens;
· Rejeição da experiência acumulada em virtude dos avanços científicos e técnicos;
· Diminuição dos contactos sociais que leva ao isolamento e solidão – debilidade de saúde;
· Exclusão social pela rejeição biológica, socio-económica e cultural da representação da velhice.
No plano social, o indivíduo procura viver a sua velhice respeitando o ambiente em que está inserido, contudo se no processo de envelhecimento o indivíduo não se sente acarinhado, respeitado, querido, integrado e útil no seio da família, é normal que comece a perder a autoconfiança e a auto-estima.
Torna-se também fundamental, que seja dada aos idosos a oportunidade de reconstruírem a sua rede social, permitindo-lhes o desempenho de actividades que estão ao seu alcance, favorecendo o convívio entre gerações, criando espaços sociais com condições físicas que lhes permitam a sua utilização, ou seja, lutando contra a exclusão a que grande parte dos nossos idosos estão destinados.
Estes três componentes do envelhecimento têm uma influência decisiva no comportamento do Idoso, devido ao envelhecimento, as capacidades de adaptação do ser humano diminuem, tornando-o cada vez mais sensível ao meio ambiente.
Com o declínio progressivo das suas capacidades físicas devido ao envelhecimento podem surgir consequências como: redução da capacidade de concentração e coordenação que, por sua vez, podem provocar processos de auto-desvalorização, diminuição da auto-estima, apatia, desmotivação, solidão e isolamento social.
IV - OBJECTIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS DO PROJECTO
Os objectivos gerais do projecto são dar continuidade à manutenção dos laços familiares, da rede de amigos e da sua teia social, pois os nossos utentes regressam àquelas todos os dias, ao mesmo tempo que encontrarão suporte na manutenção da actividade/activação física e mental. Por esta via dupla, são nossos intuitos centrais a contribuição para o retardamento do processo de envelhecimento e ajuda na compreensão de alguns fenómenos “típicos” da terceira idade. Este trabalho é levado a cabo por uma equipa multidisciplinar.
As actividades que são proporcionadas têm em vista o enlace das actividades físicas com as mentais, atendendo simultaneamente ao positivar das aptidões e competências de cada utente, estimulando também a aquisição de novos saberes.
As actividades que são proporcionadas têm em vista o enlace das actividades físicas com as mentais, atendendo simultaneamente ao positivar das aptidões e competências de cada utente, estimulando também a aquisição de novos saberes.
Os Objectivos específicos são:
- Promoção da dignidade e da qualidade de vida das pessoas idosas;
- Proporcionar serviços adequados à problemática
- Contribuir para o retardamento do processo de envelhecimento;
- Criar condições que permitam preservar e incentivar a relação interfamiliar;
- Potenciar a integração social
V - METAS E ESTRATÉGIAS
Actualmente, um número significativo de pessoas idosas enfrenta situações de vulnerabilidade económica, social e familiar, que resultam de condições históricas inerentes ao desenvolvimento do país e da cidade, nos últimos cinquenta anos, e que têm tido consequências relevantes ao nível dos rendimentos, do isolamento, da escolaridade, em suma, da qualidade de vida do cidadão idoso de hoje.
A qualidade de vida depende da existência de condições objectivas e subjectivas a que uma parte significativa das pessoas idosas não tem acesso: um rendimento digno, serviços de saúde de qualidade, e acesso a bens e serviços de acordo com as suas necessidades. Se tivermos em conta os montantes médios das pensões e reformas e as taxas de cobertura deficitárias nas diferentes respostas, ficamos com a noção clara do esforço que é necessário ainda fazer para que as pessoas idosas vivam a idade com qualidade. Com efeito, as taxas
de cobertura globais das diferentes respostas em Lisboa são ainda reduzidas. Em 2004 situavam-se entre 3,5 e 4,0% no caso de Centros de Dia e Lares/Residências para Idosos, e a rondar os 3% no caso do Apoio Domiciliário. Estes valores serão hoje ligeiramente superiores, ainda que insuficientes face às necessidades.
Segundo os dados censitários, um em cada quatro cidadãos residentes em Lisboa é idoso, estabelecendo um índice de dependência que se situa em 203 (face ao valor do país que é de 102). No conjunto de idosos com mais de 75 anos, um em cada quatro vive sozinho e de acordo com os dados, relativos a 2006, dos cerca de 201 mil pensionistas a residir no concelho de Lisboa, 65% beneficiam de pensão de velhice (valor médio mensal 530,5€) e
24% recebem pensão de sobrevivência (valor médio mensal de 255€). Neste contexto, a nossa intervenção encontra-se assente num conjunto de princípios e objectivos estratégicos, que se ancoram nas linhas de orientação:
a) Fomentar a cidadania e a acessibilidade, o que implica reconhecer o idoso enquanto sujeito e actor do seu projecto de vida, e que deve por isso estar no centro da intervenção. A salvaguarda dos seus direitos e a promoção da igualdade de oportunidades na satisfação das suas necessidades e expectativas através do acesso às diferentes respostas, é assumida no cumprimento dos critérios de admissão estabelecidos, que concedem prioridade às situações de maior vulnerabilidade social, económica e familiar.
A intervenção, que concede assim o devido protagonismo ao cidadão idoso, procura salvaguardar a sua diferença, subjectividade, singularidade e direito de opção, no quadro de um envelhecimento que é cada vez mais heterogéneo. A manutenção do idoso no seu domicílio e no seu meio social e familiar constitui, por esta razão, um dos princípios basilares da intervenção, porque esse é o desejo da maior parte dos idosos, sobretudo enquanto forma de preservar os laços relacionais e afectivos, reconhecida que é a sua importância na manutenção do seu equilíbrio físico, emocional e social;
b) Promover a qualidade e a inovação constitui, por seu turno, um desafio particularmente relevante no apoio à população idosa. O fomento de uma cultura de excelência e responsabilidade, que seja referência nacional e até internacional, passa por empreender acções que preparem os serviços para a certificação das diferentes respostas, cuidando igualmente da sua capacidade para responder a situações emergentes e às mutações das necessidades e expectativas dos cidadãos. Neste âmbito, a promoção da investigação científica, das boas práticas e de projectos inovadores constitui uma estratégia da maior importância, assumindo-se a interdisciplinaridade como perspectiva imprescindível para uma visão integrada do envelhecimento, e que considera que cada ser humano é único e possui traços próprios de natureza biológica, psicológica, social e cultural. Uma resposta global ao idoso implica, por isso, vários profissionais com diferentes formações (, psicólogos, , terapeutas ocupacionais, animadores culturais.). Em conjunto, estes profissionais procuram responder às várias dimensões em que se colocam entraves ou obstáculos à autonomia e à defesa dos idosos. A implementação de um plano único de cuidados, que integre a dimensão social e de saúde, assume-se como condição essencial de uma resposta potenciada e adequada a cada situação.
c) melhorar o desempenho e a eficiência é igualmente uma exigência acrescida nas respostas à população idosa, devendo todas as acções e iniciativas convergirem no sentido de optimizar a relação entre recursos disponíveis e resultados obtidos. Neste sentido, reformar a estrutura organizativa de forma faseada e participada, tornando mais ágil a capacidade de resposta dos serviços, e valorizar, qualificar e desenvolver competências, são aspectos essenciais de uma política de melhoria continua das respostas sociais prestadas aos cidadãos idosos;
Sabendo que o grau de autonomia vai regredindo com o aumento da idade, procura-se investir em formas de apoio ao idoso, às suas famílias e cuidadores, que viabilizem o direito e vontade dos idosos em viver na sua casa, e retardem a institucionalização.
Esta estratégia, que considera as famílias e os cuidadores como parceiros incontornáveis na manutenção do idoso no seu domicílio, assume-se como essencial para a melhoria dos serviços prestados visando uma correspondência cada vez mais plena às necessidades e expectativas das pessoas idosas.
d) Desenvolver a informação e comunicação, procurando não só tornar mais eficiente e expedita a estrutura organizativa, mas igualmente incrementar o estabelecimento de padrões de prestação dos equipamentos e serviços constitui, por último, uma
estratégia central em matéria de apoio às pessoas idosas. Neste âmbito, está a ser generalizado o acesso e capacidade de utilização, a todos os serviços, dos modernos meios de comunicação, através da criação de um Sistema Integrado de Informação.
De facto, é não só ao nível dos serviços e processos inovadores que se melhora o suporte da intervenção mas também ao nível do desenvolvimento da comunicação e das infra-estruturas, designadamente através da informatização dos equipamentos e serviços. Num processo de melhoria e inovação contínua tem sido efectuado um significativo investimento
nas formas de modernizar e agilizar processos, visando uma sistematização e gestão mais coerente da informação
Por último, fomentar a qualidade e a inovação, com o duplo objectivo de melhorar os modelos de intervenção existentes e de encontrar novas formas de intervenção, mais adequadas à heterogeneidade de expectativas e necessidades do cidadão idoso.
VI - PLANO DE ACÇÃO
Para além de Centro de Dia, proporcionará, assistência Domiciliária Psicossocial, proporciona aos utentes a realização de actividades que permitem manter as suas faculdades cognitivas e a qualidade de vida relacional. Esta experiência facilita os relacionamentos com a família e amigos, estimula a vida activa e quebra o ciclo de solidão e isolamento.
Seria um programa individualizado, com carácter preventivo e reabilitador, em que se articulam um conjunto de serviços e técnicas de intervenção profissional, que consistem em: atenção pessoal, apoio psicossocial, familiar e de relacionamento interpessoal, estabelecidas ao domicilio.
ACTIVIDADES/TAREFAS
As principais actividades propostas abrangem os seguintes pontos:
Lúdico-recreativas:
- Campeonatos de Sueca, Damas, Dominó, entre outros; Promove o convívio, a motivação e estimula a competição.
- Atelier de Dobragem de Papel; Promove a motricidade.
- Atelier de Jardinagem; Promove a motricidade e a responsabilidade.
- Recreação de Jogos Tradicionais;
- Atelier de culinária; Hora da Culinária, Receitas de culinária, petiscos e/ou confecção de bolos, com o intuito de celebrar uma festa de aniversário. Promove ainda a motricidade.
- Atelier de Informática; Promove o desenvolvimento intelectual, lúdico e contactos familiares;
- Atelier de costura e bordados;
- Visionamento de programas de Televisão e de rádio, sendo no final debatido os assuntos versados.
- Perguntas adaptadas do Jogo Trivial.
- Provérbios e adivinhas.
- Jogos de animação.
Culturais:
- Atelier de Leitura de histórias, contos, poesia, conferência; Convidando os Idosos a contarem a histórias por eles conhecidas ou por convidados especiais para o efeito.
- Atelier de música; Canções cantadas pelos utentes ou convidados especiais:Promove a participação dos utentes que tocam instrumentos, assim como o efeito de musicoterapia.
- Actividades Teatrais;
- Passeios no ambiente circundantes, excursões e visitas culturais; Estes momentos proporcionam ausência de tensões familiares, possibilidade de renovação e mudança de atitudes.
- Feira do Livro; Promove a área educacional e cognitiva do Idoso.
- Atelier de Vídeo de Cinema Clássico Português;
- Idas ao cinema, ao teatro, concertos, museus e exposições e eventos de interesse.
Desportivas:
- Fisioterapia e ginástica sénior. Ginástica de manutenção.
- Organização e Planeamento de Acções de Animação Desportiva.
Espiritual/Religioso:
- Ir á missa, rezar.
Intelectual/Formativo:
- Ensino Recorrente;
- Participação nas aulas da Universidade e Academias Sénior, conferências, palestras, e seminários.
- Actividades de animação ambiental.
Quotidianas:
- Acompanhamento nas idas ao médico ou a outros lugares públicos;
- Auxilio nas Idas ás compras e Cabeleireiro.
- Atelier Saúde; Alimentação, Conciliar o Sono, Sintomas de Doenças, Manter a boa forma física.
- Pequeno-almoço, almoço e lanche.
Sociais:
- Almoços de família e festas de anos surpresa; Promove o convívio e aproximação familiar.
- Programa de Convivência Intergeracional: Oferece a possibilidade do Idoso conviver com crianças (netos, sobrinhos e creches circundantes).
- Festas temáticas, Carnaval, Natal, Páscoa, Santos Populares, quermesses e banca de exposição de trabalhos realizados pelos utentes; Destinam-se a comemorar as festividades marcantes do Ano, nos quais podem participar os familiares, mobilizando a comunidade circundante.
- Baile Semanal; Promove o convívio entre os utentes.
- Piqueniques, aproveitando o ar livre e o convívio.
Psicológicas:
- Psicodrama; Promove um melhor conhecimento do próprio e um mais adequado relacionamento com os outros.
- Dinâmicas de Grupo; Promove o conhecimento Interpessoal e Motivacional;
- Risoterapia; Promove a boa disposição, estreitamento de laços sociais e tonús muscular.
- Actividades de Terapia cognitiva; Orientação espácio-temporal, Funções Executivas, Atenção e Concentração, Julgamento e discernimento, Depressão, Memória, Actividades para Idosos que sofram de Demência e Alzheimer, Perturbações da Ansiedade e Perturbações Somatoformes.
- Avaliação psicológica.
Outras:
- Levantamento de interesses dos Idosos; Promove a motivação do Idoso em actividades que podem ser efectuadas pelo mesmo.
- Cuidar de animais.
- Serviço de atenção informação e orientação de Trabalho Social: Pensão Social de Velhice; Programa de Apoio 65 – Idosos em Segurança; Complemento Solidário para Idosos; I.R.S. – Imposto sobre os Reformados.
- Programa de voluntariado social; Visitas a doentes ao Hospital e utentes que residam em Lares residenciais. Promove o sentimento de utilidade e responsabilidade, assim como o convívio.
- Teleassistência; Ajuda e atenção telefónica permanente para os Idosos não se sentirem sozinhos: mobilização dos recursos necessários em caso de urgência médica e/ou urgências sociais, companhia, conversação, lembrete de consultas médicas ou tomada de medicação.
- Programa de cuidar ao cuidador: Sessões de grupo de apoio psicoterapêutico para familiares e cuidadores principais de pessoas Idosas dependentes.
- Programa Respiro familiar ao Fim de Semana: Consiste num conjunto de serviços proporcionado pelo Centro de Dia ao Fim de Semana, cujo objectivo é proporcionar o descanso ás famílias, que durante a semana, cuidam de pessoas Idosas.
- Dinamizar actividades que promovam o encontro de comunidades de freguesias distantes entre si.
- Workshops de Acompanhamento, Animação e Apoio Domiciliário de Idosos.
As actividades acima citadas permitem valorização pessoal, interacção social, apoio psicológico e orientam um trabalho possível, a viabilizar junto da população Idosa promovendo a sua qualidade de vida.
RECURSOS HUMANOS
O Animador Sócio cultural/ Psicólogo/Terapeuta ocupacional é o profissional que organiza, coordena e/ou desenvolve actividades de animação e desenvolvimento sócio cultural de grupos e comunidades, inseridas nas estruturas e objectivos da administração local ou serviços públicos ou privados de carácter social e cultural.
As principais competências são:
- Identificar carências e potencialidades sociais, comunitárias e institucionais na sociedade em que estão inseridos;
- Programar um conjunto de actividades de carácter educativo, cultural, desportivo e social, no âmbito do serviço onde está integrado e das necessidades dos grupos ou comunidades;
- Organizar, coordenar e/ ou desenvolver actividades diversas no âmbito dos programas, tais como ateliers, visitas a diversos locais (museus, exposições), encontros desportivos, culturais (debates, conferências) e recreativos;
- Conceber e executar individualmente ou em colaboração com grupos, suportes materiais para o desenvolvimento das acções;
- Encontrar múltiplas alternativas na utilização de novas técnicas e materiais, nomeadamente para o desenvolvimento de actividades desportivas;
- Avaliar os projectos de intervenção sócios culturais/ desporto em colaboração com outros profissionais.
- Identificar carências e potencialidades sociais, comunitárias e institucionais na sociedade em que estão inseridos;
- Programar um conjunto de actividades de carácter educativo, cultural, desportivo e social, no âmbito do serviço onde está integrado e das necessidades dos grupos ou comunidades;
- Organizar, coordenar e/ ou desenvolver actividades diversas no âmbito dos programas, tais como ateliers, visitas a diversos locais (museus, exposições), encontros desportivos, culturais (debates, conferências) e recreativos;
- Conceber e executar individualmente ou em colaboração com grupos, suportes materiais para o desenvolvimento das acções;
- Encontrar múltiplas alternativas na utilização de novas técnicas e materiais, nomeadamente para o desenvolvimento de actividades desportivas;
- Avaliar os projectos de intervenção sócios culturais/ desporto em colaboração com outros profissionais.
Princípios:
- Respeitar as diferenças religiosas, étnicas e culturais;
- Promover a autonomia e qualidade de vida;
- Respeitar o Idoso quanto á sua individualidade, capacidades, potencialidades, hábitos, interesses e expectativas;
- Promover a participação activa dos Idosos e familiares nas actividades;
- Promover a comunicação, convivência e ocupação do tempo do Idoso.
O papel do psicólogo deve compreender os seguintes aspectos:
1- A responsabilidade pela reunião ser claramente estabelecida pelo profissional;
2- O objectivo da reunião ser claramente exposto;
3- O dizer que já tinha falado com cada membro da família, faz realçar que não coloca um deles numa posição de poder especial;
4- Ao perguntar “Que planos fizeram?”, significa que quer decidir com eles a solução dos problemas;
O Psicólogo aceita a responsabilidade, encarrega-se da reunião, trata os membros da família de igual modo e trata-os a um nível adulto, esperando que eles, como um grupo, resolvam o problema com a assistência do psicólogo.
Se um dos objectivos do manuseamento familiar e obter mais abertura, mais honestidade, e maior liberdade de comunicação entre os membros da família, ter o idoso presente e envolto na discussão, será um dos passos para a comunicação aberta sobre o problema em questão.
O Psicólogo deve procurar padrões de comunicação, como por exemplo:
- Nunca usar afirmações de acusaras;
- Nunca usar a forma negativa nas perguntas ou nas afirmações;
- Intervir, sem interferir, isto e, não perturbando o funcionamento “normal” da família;
- Não ser demasiado inquisitivo
VII - METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO
No que diz respeito à metodologia utilizada, foi realizada uma observação directa e participantes, conversas informais e visitas domiciliarias, nos diversos trabalhos que realizei nas funções de Psicóloga e Animadora Sócio Cultural em alguns lares ou residências para a Terceira Idade, assim como serviço prestado como voluntária no acompanhamento domiciliário.
As principais actividades realizadas foram:
- Campeonatos de Sueca, Damas, Dominó, entre outros, que promove o convívio, a motivação e estimula a competição.
- Atelier de Cerâmica e artesanato que Promoveu as capacidades individuais de cada Idoso.
- Visionamento de programas de Televisão e de rádio, sendo no final debatido os assuntos versados.
- Perguntas adaptadas do Jogo Trivial.
- Provérbios e adivinhas.
- Atelier de Leitura de histórias, contos, poesia, conferência; Convidando os Idosos a contarem a histórias por eles conhecidas ou por convidados especiais para o efeito.
- Atelier de música; Canções cantadas pelos utentes ou convidados especiais que promoveu a participação dos utentes que tocam instrumentos, assim como o efeito de musicoterapia.
- Dinâmicas de Grupo, que Promoveu o conhecimento Interpessoal e Motivacional;
- Actividades de Terapia cognitiva; Orientação espácio-temporal, Funções Executivas, Atenção e Concentração, Julgamento e discernimento, Depressão, Memória, Actividades para Idosos que sofram de Demência e Alzheimer, Perturbações da Ansiedade e Perturbações Somatoformes.
- Avaliação psicológica.
- Levantamento de interesses dos Idosos que promove a motivação do Idoso em actividades que podem ser efectuadas pelo mesmo.
Foram ainda realizadas algumas visitas domiciliárias, que proporcionaram conversas informais, de acompanhamento e de convívio em geral.
VIII - AVALIAÇÃO DO PROJECTO
.
A Importância da avaliação prende-se com o facto de evidenciar os resultados da intervenção: a avaliação não apenas permite verificar os resultados obtidos, fornecendo informação de forma partilhada e promotora da igualdade de capacidades e conhecimentos.
Para além disso, a avaliação é o principal instrumento de apoio à replicação e reprodução
alargada das boas práticas, porque permite compreender tanto os sucessos como os insucessos das acções desenvolvidas.
IX - CRONOGRAMA DO PROJECTO
X - REFLEXÃO INDIVIDUAL
O envelhecimento da população observa-se em todos os países, em especial nos mais industrializados. O envelhecimento individual não é um estado, mas um processo diferencial de degradação. Os indivíduos envelhecem, assim, de formas muito diversas e, a este respeito, podemos falar de idade biológica, de idade social e de idade psicológica, que podem ser muito diferentes da idade cronológica.
O estudo do envelhecimento reduz-se a estudar a causas endógenas e exógenas. O psicólogo interessa-se especialmente pelo sistema nervoso que elabora os nossos comportamentos e as nossas representações. O sistema nervoso não escapa à regra, sofrendo, também ele, modificações importantes durante o envelhecimento. Uma compreensão dos mecanismos do envelhecimento das estruturas nervosas é, assim, uma das condições de uma melhor interpretação das modificações comportamentais do envelhecimento.
A velhice é acompanhada por um forte aumento de heterogeneidade. Na verdade, se calhar nem deveríamos falar de velhice, mas sim de velhices. No quadro do envelhecimento normal, os especialistas distinguem a velhice habitual e a velhice bem sucedida. Esta última é conjunção de três categorias de condições: a saúde, a manutenção de um elevado nível de funcionamento cognitivo e físico (velhice óptima) e a manutenção e participação social. Existindo assim, diferentes tipos de “reforma”, correspondentes a sentimentos variáveis de velhice bem sucedida.
Apesar das redes sociais existentes, e neste caso, refiro-me às formais, bem como as políticas sociais vigentes, o número de idosos que permanecem nas suas casas sozinhos, muitos deles sem qualquer tipo de apoio, revelam-se numa quantidade excessiva.
Creio que o meu projecto, ainda que os idosos usufruam das actividades do Centro de Dia, contempla com a valência apoio psicossocial, assim proponho colmatar uma lacuna, que ocupa a mesma importância do aspecto físico, atribuindo a consideração que merece o aspecto psicológico e social.
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Vaz-Serra, A., (1986), O inventário clínico de auto-conceito, s.l., Psiquiatria Clínica.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
I- APRESENTAÇÃO DO PROJECTO………………………………………………. …….4
I– IDENTIFICAÇÃO DO PROJECTO …………………………………………………..4
II – NATUREZA DO PROJECTO……………………………………………………….5
III – FUNDAMENTAÇÃO DO PROJECTO ……………………………………………6
II- ENQUADRAMENTO TEÓRICO ……………………………………………………….7
I – APRESENTAÇÃO DA PROBLEMÁTICA ……………………………………...…8
III- CARACTERÍZAÇÃO DA POPULAÇÃO ALVO …………………………………...24
IV- OBJECTIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS DO PROJECTO ………………………...30
V– METAS E ESTRATÉGIAS …………………………………………………………...31
VI- PLANO DE ACÇÃO ………………………………………………………………….34
VII– METOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO………………………..40
VIII– AVALIAÇÃO DO PROJECTO……………………………………………………..41
IX – CRONOGRAMA DO PROJECTO…………………………………………………..42
X – REFLEXÃO INDIVIDUAL…………………………………………………………..43
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................44
ÍNDICE ……………………………………………………………………………………47
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